Sobre o Projeto:
O projeto “Águas de Chapadinha” foi idealizado por Breno e Wagner, estudantes da Licenciatura em Educação do Campo ( LECAMPO ) da Universidade Federal de Minas Gerais ( UFMG ). Seu objetivo é mapear, registrar e valorizar as nascentes — ativas e extintas — da comunidade de Chapadinha, localizada na zona rural do município de Capelinha, em Minas Gerais. Mais do que um levantamento geográfico, o projeto propõe uma cartografia socioambiental que conecta saberes da comunidade, memórias coletivas e transformações ambientais ao longo das últimas décadas.
Entrevistados
 
                Maria de Jesus
Nesta entrevista, Maria de Jesus Peçanha Rodrigues, de 61 anos, compartilha sua trajetória de vida e sua relação com a comunidade de Chapadinha, onde reside há quatro décadas. Nascida em uma região próxima, ela relata as dificuldades históricas enfrentadas pelos moradores no acesso à água, destacando os desafios cotidianos que marcaram sua permanência no local. Seu depoimento traz uma perspectiva valiosa sobre a realidade da comunidade e contribui para compreender os impactos sociais e ambientais na região.
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                Luana Coideiro da Fonseca
Nesta entrevista,Luana compartilha sua trajetória de vida nas comunidades rurais de Capelinha e sua profunda conexão com a questão hídrica. Ela descreve, a partir de sua experiência pessoal e familiar, como a expansão da monocultura de eucalipto levou à drástica redução da água e ao secamento de nascentes. Seu depoimento oferece uma análise crítica sobre os impactos socioeconômicos da monocultura, como o êxodo rural e o fechamento de escolas, e ressalta a importância da educação ambiental e da mobilização comunitária para a preservação dos recursos naturais da região.
Ver EntrevistaContexto Ambiental e Histórico
As nascentes de Chapadinha possuem importância fundamental para a vida da comunidade. Muitas delas ainda hoje são utilizadas para o abastecimento doméstico, irrigação de lavouras e sustento das famílias que vivem da agricultura.
Contudo, mudanças no uso do solo alteraram drasticamente essa paisagem. O avanço da monocultura de eucalipto e o desmatamento da vegetação nativa têm sido apontados pelos moradores como principais causas do desaparecimento de algumas nascentes que, no passado, eram fontes abundantes de água.
Relatos da Comunidade
Durante as visitas de campo, foram colhidos depoimentos valiosos de moradores da comunidade. Essas histórias trazem à tona a relação afetiva e funcional com as águas da região. Muitos relataram o uso tradicional das nascentes para o consumo, para os animais e para atividades agrícolas, além de descreverem as mudanças ambientais percebidas com o tempo.
Esses relatos não apenas humanizam o projeto, mas reforçam a urgência de preservação dos recursos hídricos locais.
Resultados do Mapeamento
Estes são os resultados obtidos por meio do mapeamento das águas de Chapadinha.
 
                    8 nascentes ativas
As oito nascentes ativas continuam a fornecer água de forma constante, mantendo seu fluxo visível na superfície. Essas fontes são fundamentais para o abastecimento local, especialmente para a irrigação das lavouras e para o uso doméstico dos moradores da comunidade. Sua preservação é essencial para garantir a sustentabilidade hídrica da região.
 
                    3 nascentes extintas
Três nascentes que antes abasteciam a comunidade atualmente não apresentam mais surgimento de água visível. O desaparecimento dessas fontes está diretamente associado ao aumento do plantio de eucalipto e ao desmatamento, que alteraram o equilíbrio ambiental local e impactaram negativamente o ciclo hidrológico.
 
                    1 represa
A represa identificada no território é utilizada exclusivamente para fins agrícolas. Sua função principal é garantir o fornecimento de água para irrigação, especialmente nos períodos de estiagem. Esse reservatório contribui diretamente para a manutenção das atividades rurais da comunidade.
 
                    Geolocalização das Nascentes
As nascentes e demais corpos hídricos foram georreferenciados com o uso de GPS, permitindo sua localização exata em mapas digitais. Esse processo garante maior precisão no monitoramento ambiental e facilita a visualização dos pontos críticos, servindo como base para ações de preservação e recuperação das águas da comunidade.
 
                    Mapeamento Participativo
Moradores da comunidade participaram ativamente do processo de mapeamento, contribuindo com conhecimentos tradicionais e observações locais. Esse envolvimento fortaleceu os laços com o território e promoveu o reconhecimento da importância das águas, gerando um sentimento coletivo de cuidado e responsabilidade com o meio ambiente.
 
                    Registro Fotográficos
Durante as visitas de campo, foram produzidos registros fotográficos e vídeos dos pontos de água identificados. Essas imagens documentam o estado atual das nascentes e represas, revelando tanto áreas preservadas quanto locais degradados, e servem como ferramenta de sensibilização, denúncia e educação ambiental.
 
                    Produção de Dados
As informações obtidas por meio da cartografia compõem um acervo técnico e comunitário que pode orientar decisões futuras. Esses dados fortalecem a luta por políticas públicas voltadas à proteção das águas e subsidiam iniciativas locais de reflorestamento, recuperação de nascentes e educação ambiental.